Quem tem diabetes pode comer chocolate?

Estudos mostram que o cacau, por conter flavonoides e polifenóis, oferece benefícios à saúde – até mesmo para quem tem diabetes

Quem tem diabetes pode comer chocolate?

O consumo de chocolate costuma gerar certa preocupação nas pessoas que precisam gerenciar a glicemia. Afinal, quem tem diabetes precisa mesmo evitar o chocolate? O consumo do chocolate tradicional não é indicado? O que é chocolate diet? Ele é mesmo o melhor substituto da típica versão ao leite? É importante entender todos esses pontos antes de cair na tentação.

Para começar, é preciso ressaltar que nenhum alimento é vilão, nem mesmo o chocolate. Na verdade, quando consumido moderadamente, o chocolate pode até oferecer benefícios para a saúde. Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Cardiologia, publicada em 2019, associou o consumo de chocolate amargo a uma taxa menor de diabetes e hipertensão [1]. No entanto, é preciso atentar-se à composição e à quantidade ingerida por porção.

De onde vem o chocolate

Não é de hoje que o chocolate é tão desejado. Os maias e os astecas usavam o cacau como moeda de troca e em rituais religiosos, há quase 4 mil anos. Pesquisas sugerem que a primeira vez em que o cacau foi domesticado – ou seja, que teve suas características mais desejáveis selecionadas, corrigidas e cultivadas – aconteceu muito antes, pelo povo Mayo-Chinchipe, na bacia do Rio Amazonas [2]. Fato é que o cacau atravessou civilizações, se tornou uma commodity e, até hoje, é apreciado no mundo inteiro.

O nome “chocolate” tem origem asteca, derivação de “xocolatl”. Para os antigos, a palavra referia-se a uma bebida pungente e amarga, feita com as sementes fermentadas, torradas e moídas do cacau que, misturada a outros temperos, era servida aos reis e membros importantes do exército. Depois de se tornar febre na Europa, séculos adiante, essas sementes já fermentadas, torradas e trituradas, tornaram-se os “nibs” de cacau que, adicionados ao leite, gordura e açúcar, são utilizados para preparação do nosso chocolate [3].

O chocolate passou por muitas transformações ao longo dos séculos. De bebida amarga reservada aos aristocratas ao doce que, ainda hoje, é acusado de ser um dos vilões da dieta. Contudo, esse “vício” tem explicação. O cacau é rico em triptofano, aminoácido encontrado em alimentos vegetais, essencial para a síntese e controle de serotonina - neurotransmissor responsável por promover a sensação de bem-estar [4]. Além disso, alguns estudos indicam que os polifenóis, compostos orgânicos com propriedades antioxidantes presentes no cacau, têm atividades anti-inflamatória e cardioprotetora [5].

Tipos de chocolate

Atualmente, existem diversos tipos de chocolate. Os tradicionais, o ao leite e o branco, conforme exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), devem ter no mínimo 25% de cacau [6]. O restante da composição é formado por concentrações maiores de açúcar e gordura. Os estudos que mostram os benefícios do chocolate utilizam sempre os do tipo amargo como referência, portanto, as versões tradicionais não conferem as propriedades benéficas [4].

Além de terem maior concentração de cacau, os chocolates amargos (a partir de 70% de cacau) e meio-amargos (a partir de 35%), contêm menor quantidade de gordura e açúcar, sendo opções muito mais saudáveis, principalmente para as pessoas com diabetes [7]. De acordo com diversos estudos revisados na Cochrane, uma rede global independente de pesquisadores, dentro de uma dieta balanceada, o chocolate amargo pode reduzir os níveis de LDL (colesterol ruim), aumentar os níveis de HDL (colesterol bom), ajudar a manter o peso ideal e até mesmo melhorar o metabolismo da glicose [8].

Já os chocolates diet geralmente têm menos açúcar do que os tradicionais, o que favorece a gestão glicêmica. Porém, possuem maior quantidade de gordura e, apesar de retardar a absorção de carboidratos (açúcares), quando consumidos em excesso, podem levar a um pico glicêmico tardio. Além disso, a quantidade de calorias do chocolate diet pode ser até maior do que a de um chocolate tradicional [9].

Quantidade ideal

Como tudo na alimentação, o equilíbrio é fundamental. O ideal é que o consumo diário não ultrapasse 25 gramas (o que equivale a, aproximadamente, um quadrado do tablete de chocolate) e esteja associado a alguma refeição, como a sobremesa do almoço ou do jantar, por exemplo [9]. Embora os estudos mostrem diversos benefícios, inclusive no controle de sintomas de ansiedade, o consumo excessivo pode implicar em uma relação de causa e efeito com o alimento: para aliviar o estresse, come-se um chocolate. Em longo prazo, isso pode prejudicar os cuidados com a glicemia [10].

Sem o devido monitoramento, o pico do nível glicêmico pode levar à hiperglicemia. Alguns sintomas que podem indicar o pico de glicemia são: cansaço, urinar com maior frequência, sede excessiva, visão turva e dores de cabeça [11]. Esse controle é muito importante para evitar complicações do diabetes, como doenças cardiovasculares, problemas de circulação, que podem levar à amputação dos membros, além de infecções e danos aos olhos, rins e nervos [12].

Chocolate e diabetes: como gerenciar o índice glicêmico

A recomendação é simples: coma sem culpa, mas com atenção! Não é necessário se privar do chocolate, mas é preciso consumir com responsabilidade, controlando a qualidade, a quantidade e a frequência [7].

Quem faz a contagem da ingestão de carboidratos deve se lembrar de ajustar a dose de insulina para a quantidade presente na porção. Com essa prática, também é possível perceber o efeito que o chocolate tem no organismo de cada pessoa com diabetes, ao monitorar os níveis de glicemia antes, duas e cinco horas após seu consumo, bem como com qualquer alimento que se deseje monitorar [9].

Outra dica para comer chocolate sem impactar bruscamente a glicemia é, nas refeições que o precedem, priorizar a ingestão de alimentos ricos em fibras, como verduras e legumes, que ajudam a desacelerar a absorção de carboidratos e gorduras, ou associá-lo a frutas, como morangos e uvas, que fazem ótimas combinações [9].

 

Referências
  1. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Consumo moderado de chocolate reduz fatores de risco para doenças do coração. – Acesso em 29 de março de 2022. Disponível em: https://www.portal.cardiol.br/post/chocolate-faz-bem-para-o-cora%C3%A7%C3%A3o-sbc-explica
  2. National Geographic. Conheça a verdadeira (e doce) história do chocolate. – Acesso em 29 de março de 2022. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/cultura/2018/11/conheca-verdadeira-doce-historia-chocolate-cacau-criollo-maias-amazonia
  3. Guia Michelin. Cacau, o ouro negro, em sobremesas avassaladoras. – Acesso em 29 de março de 2022. Disponível em: https://guide.michelin.com/br/pt_BR/article/news-and-views/cacau-o-ouro-negro-em-sobremesas-avassaladoras
  4. Research, Society and Development. Alimentos ricos em triptofano e seu efeito na liberação da serotonina e possíveis benefícios no transtorno de ansiedade. – Acesso em 29 de março de 2022. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/22190/19795/268621
  5. Brazilian Journal of Food Technology. Revisão: Polifenóis em cacau e derivados: teores, fatores de variação e efeitos na saúde. – Acesso em 29 de março de 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bjft/a/TZgKyJdNv3zC3fZFQQ4xG7z/?lang=pt&format=pdf
  6. Agência Senado. Comissão aprova projeto que estabelece percentual de cacau em chocolate. Acesso em 29 de março de 2022. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/02/18/comissao-aprova-projeto-que-estabelece-percentual-de-cacau-em-chocolate
  7. Sociedade Brasileira de Diabetes. Páscoa e diabetes. – Acesso em 29 de março de 2022. Disponível em: https://diabetes.org.br/pascoa-e-diabetes/
  8. Sociedade Brasileira de Diabetes. Consumo de chocolate pela pessoa com diabetes. – Acesso em 29 de março de 2022. Disponível em: https://diabetes.org.br/consumo-de-chocolate-pela-pessoa-com-diabetes/
  9. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diabetes e Ovos de Páscoa. – Acesso em 29 de março de 2022. Disponível em: https://diabetes.org.br/diabetes-e-ovos-de-pascoa/
  10. Diabetes What’s Next? Como lidar com o estresse quando você tem diabetes. – Acesso em 29 de março de 2022. Disponível em: https://www.diabeteswhatsnext.com/global/en/support/how-to-deal-with-stress.html
  11. Diabetes What’s Next? Hiperglicemia e desafios na hora das refeições. – Acesso em 29 de março de 2022. Disponível em: https://www.diabeteswhatsnext.com/global/en/support/mealtime-challenges-and-hyperglycaemia-hypers.html
  12. Diabetes What’s Next? Diabetes tipo 2: o que está acontecendo em seu corpo? – Acesso em 29 de março de 2022. Disponível em: https://www.diabeteswhatsnext.com/global/en/about-diabetes/what-is-going-on-in-your-body.html

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