Diabetes e risco cardiovascular: como a relação foi descoberta?

Estudo de Framingham, feito em 1948, acompanhou mais de 5 mil pessoas ao longo de 20 anos para entender as causas das doenças do coração

Dia dos Namorados e diabetes

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo [1] e o diabetes é um dos fatores de risco.[2] Quem tem diabetes tipo 2, por exemplo, corre um risco médio duas a quatro vezes maior de desenvolver doença coronariana. A condição também é fator de risco para acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, doença arterial obstrutiva periférica e doença microvascular.[3]

Como essa relação entre diabetes e doenças cardiovasculares foi descoberta? O primeiro grande levantamento que trouxe evidências sobre essa ligação foi o Estudo de Framingham, cujo principal objetivo era entender quais os principais motivos que provocavam problemas cardiovasculares. A pesquisa levou em consideração diferentes gerações para determinar os fatores de risco — que, além do diabetes, incluem hipertensão arterial, tabagismo, colesterol alto e histórico familiar.[4]

O Estudo de Framingham

No início do século XX, as doenças cardiovasculares cresciam acentuadamente nos Estados Unidos, o que motivou pesquisadores a tentar identificar as causas dessas doenças.[5] Após a Segunda Guerra Mundial, em 1948, o Instituto Nacional do Coração (National Heart Institute, hoje conhecido como National Heart, Lung, and Blood Institute) iniciou o estudo em Framingham, cidade americana de 28 mil habitantes, localizada em Massachusetts. Foram selecionadas 5.209 pessoas de classe média, entre 28 e 62 anos de idade, cujas condições de saúde foram acompanhadas por 20 anos.[6]

A metodologia utilizada consistiu em exame físico e histórico cardiovascular detalhados, entrevistas sobre hábitos de vida, exames laboratoriais, mensurações de pressão arterial, capacidade vital e outras variáveis fisiológicas. A cada dois anos esses dados eram novamente coletados, registrando eventos cardiovasculares e eventuais mortes. A ideia era coletar os dados de forma padronizada para identificar os parâmetros de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. [5]

A pesquisa logo identificou o aumento da pressão arterial, o crescimento dos níveis de colesterol total, tabagismo, obesidade, diabetes e sedentarismo como os principais fatores de risco cardiovasculares. Posteriormente, outros fatores foram descobertos, como aumento de triglicérides, redução dos níveis de colesterol, idade, sexo e fatores psicossociais. Em 1998, 50 anos depois do início do estudo, pouco mais de mil pessoas que foram recrutadas para fazer parte do experimento original ainda estavam vivas. [7]

Além de ter sido responsável por essas importantes descobertas, o Estudo de Framingham deu origem também ao chamado Escore de Framingham, um indicador capaz de apontar os riscos de eventos cardiovasculares, fatais e não-fatais. Com base nos dados do estudo, é possível identificar o risco de desenvolvimento de doença coronariana na próxima década de vida, considerando sexo, faixa etária e dados como pressão arterial sistólica, colesterol total, fração HDL do colesterol, diagnóstico de diabetes e tabagismo.[8]

Como o diabetes influencia o coração

A incidência de complicações cardiovasculares é mais comum em pessoas que têm diabetes por conta do aumento dos níveis de glicose no sangue, que, juntamente ao colesterol e à pressão arterial, podem levar à formação de placas que obstruem as artérias.

Quando uma artéria do coração sofre uma obstrução, o órgão entra em sofrimento por falta de oxigênio e o tecido sadio morre, sendo substituído por cicatrizes. Dependendo do tamanho da área afetada, o episódio, conhecido como infarto do miocárdio, pode ser fatal ou deixar sequelas irreversíveis, como a insuficiência cardíaca.

Vale ressaltar que em pessoas com diabetes os sintomas do infarto podem ser diferentes da clássica dor no peito que pode irradiar para os braços: falta de ar, sensação de mal estar generalizado, sudorese, náuseas, vômitos e desmaio inexplicado, além de uma alteração abrupta do índice da glicose, podem ser alguns dos sintomas.[9]

Cuidados com a saúde

Os cuidados a serem tomados para a redução de riscos de doenças cardiovasculares em pessoas com diabetes variam de acordo com a condição de saúde de cada um. Em geram, tais cuidados incluem alimentação saudável, prática de exercícios físicos de forma regular, gerenciamento dos níveis glicêmicos e uso de medicamentos, quando prescritos pelo médico.

Para quem não tem diabetes, alguns hábitos contribuem para reduzir as chances de desenvolver a condição: comer diariamente verduras, legumes e frutas, reduzir o consumo de açúcar e gorduras, parar de fumar, praticar exercícios físicos regularmente e manter o peso sob controle. [10]

 

Referências:
  1. Organização das Nações Unidas/Brasil – OMS revela principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo entre 2000 e 2019. Acesso em 28 de maio de 2022. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/104646-oms-revela-principais-causas-de-morte-e-incapacidade-em-todo-o-mundo-entre-2000-e-2019
  2. HCor - Diabetes é uma das principais causas para doenças no coração. Acesso em 28 de maio de 2022. Disponível em: https://www.hcor.com.br/imprensa/noticias/diabetes-e-uma-das-principais-causas-para-doencas-no-coracao/#:~:text=O%20diabetes%20%C3%A9%20um%20dos,dilata%C3%A7%C3%A3o%20de%20um%20vaso%20sangu%C3%ADneo.
  3. Sociedade Brasileira de Diabetes – Diretrizes 2019-2020. Acesso em 28 de maio de 2022. Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2020/02/Diretrizes-Sociedade-Brasileira-de-Diabetes-2019-2020.pdf
  4. WebMed – Heart Disease and Diabetes. Acesso em 28 de maio de 2022. Disponível em: https://www.webmd.com/diabetes/heart-blood-disease
  5. Framingham Heart Study – History of Framingham Heart Study. Acesso em 28 de maio de 2022. Disponível em: https://www.framinghamheartstudy.org/fhs-about/history/
  6. Scientific Electronic Library Online – Epidemiologia cardiovascular: o legado de sólidos estudos nacionais e internacionais. Acesso em 28 de maio de 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abc/a/bgGPMX67VzYPrHRSQQhtTHx/?lang=pt
  7. Framingham Heart Study e a teoria do contínuo de Pickering: duas contribuições da epidemiologia para a associação entre pressão arterial e doença cardiovascular. Acesso em 28 de maio de 2022. Disponível em: http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/8-2/heart.pdf
  8. O escore de risco de Framingham para doenças cardiovasculares. Acesso em 28 de maio de 2022. Disponível em: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:Ob1AyhYbuF4J:https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/download/59084/62070+&cd=25&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
  9. Pessoas com diabetes têm o dobro de risco para infarto agudo do miocárdio. Sociedade Brasileira de Diabetes. Acesso em 28 de maio de 2022. Disponível em: https://diabetes.org.br/pessoas-com-diabetes-tem-o-dobro-de-risco-para-infarto-agudo-do-miocardio/
  10. Diabetes (diabetes mellitus). Ministério da Saúde. Acesso em 28 de maio de 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/diabetes#:~:text=O%20tratamento%20exige%20o%20uso,%2C%20tabaco%20e%20outras%20drogas

 

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