Diabetes e consumo de bebidas alcoólicas: a importância da informação

Álcool e diabetes

Embora haja um risco mais claro de hipoglicemia, o álcool também pode provocar aumento do nível glicêmico

O consumo de bebidas alcoólicas é antigo e está presente em diversas culturas como um hábito social. Contudo, ele também está associado ao risco de desenvolvimento de problemas de saúde, como distúrbios comportamentais, incluindo a dependência, doenças crônicas graves, como cirrose hepática, alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares – sem contar lesões resultantes de violência e acidentes de trânsito. Em todo o mundo, 3 milhões de mortes por ano resultam do uso nocivo do álcool, representando 5,3% de todas as mortes [1].

Para as pessoas que vivem com diabetes, é comum surgir a dúvida: posso ou não consumir bebidas alcoólicas? A resposta é: depende. Afinal, vários fatores precisam ser levados em consideração. A American Diabetes Association (ADA) sugere fazer essas três perguntas antes do consumo: meu diabetes está sob controle? Os profissionais de saúde que me acompanham concordam que eu consuma álcool? Eu tenho conhecimento de como o álcool pode afetar meu nível glicêmico e a mim de forma geral? [2]

Fato é que o álcool tem a capacidade de mudar drasticamente os níveis de açúcar no sangue [3]. Em um primeiro momento, por causa da quantidade de açúcares presentes em algumas bebidas, o índice pode subir. Contudo, o risco maior reside no lado oposto: o álcool pode atuar no organismo por até 12 horas e, por uma série de razões, pode levar a episódios, de hipoglicemia [4].

Hipoglicemia

Para entender o risco de hipoglicemia, é importante lembrar de como funcionam alguns mecanismos. A insulina e o glucagon, que respectivamente ajudam a reduzir ou aumentar a glicemia, são hormônios liberados pelo pâncreas que participam no controle dos níveis de glicose no sangue.

Quando os valores de glicemia baixam, o fígado, que possui reservas extras de glicose para serem utilizadas quando necessário, entra em cena para restaurar o equilíbrio, liberando esse açúcar no sangue para evitar a hipoglicemia [5].

Ao ingerir bebidas alcoólicas, o fígado passa a atuar primeiramente no metabolismo do álcool, comprometendo a produção da glicose necessária para manter os níveis saudáveis. Com essa resposta hormonal afetada, o risco de surgir a hipoglicemia aumenta [6].

Essa situação se torna ainda mais grave quando a bebida é ingerida de estômago vazio, pois sem ter carboidratos para consumir, as reservas de glicose do fígado são acionadas. Em especial para as pessoas que utilizam medicamentos para liberar ou produzir insulina – como os sulfonilureias e a glibenclamida– se consumido em jejum, o álcool pode levar ao quadro de hipoglicemia grave, porque – além de todo esse cenário – a medicação continua atuando para baixar os níveis glicêmicos [7].

Além disso, a hipoglicemia pode causar náusea, aumento da frequência cardíaca e fala arrastada, sintomas que podem ser confundidos com os efeitos do álcool [2]. Essa é uma das razões que faz o consumo de bebidas alcoólicas por pessoas com diabetes ser tão perigoso, pois a embriaguez pode mascarar os sinais da queda brusca dos níveis glicêmicos.

Aumento dos níveis glicêmicos

Por outro lado, é preciso ressaltar que o álcool é calórico: 1 grama equivale a 7 calorias. Sendo assim, em excesso, a ingestão de bebida alcoólica muito calórica pode levar ao aumento dos níveis glicêmicos e, em casos extremos, até mesmo a quadros de hiperglicemia [7].

Mesmo consumindo após as refeições, é preciso ficar atento às calorias presentes nas bebidas por dois motivos principais: primeiro, porque o álcool estimula o apetite, o que pode levar a comer em excesso sem perceber; segundo, porque o álcool também pode afetar o julgamento, levando a decisões alimentares inadequadas. Se a pessoa com diabetes estiver seguindo um esquema alimentar com base em calorias, é preciso considerar as calorias de cada dose [8].

Nessa lógica, pode até parecer que bebidas com alto índice de açúcares e calorias são uma opção interessante para quem tem risco de hipoglicemia, mas não é bem assim. Isso porque açúcares em estado líquido são rapidamente absorvidos pelo corpo. Então, em caso de uma queda brusca que pode ocorrer horas depois da ingestão, eles não estariam mais ali para prevenir ou remediar. Os alimentos, por outro lado, são digeridos gradualmente, proporcionando uma proteção melhor nesses casos [6].

O que é considerado consumo moderado?

De acordo com a Associação Americana de Diabetes, os padrões considerados moderados equivalem a uma dose por dia para mulheres e até duas doses por dia para homens. Uma dose padrão equivale a 14 gramas de álcool puro, o que corresponde a 350 ml de cerveja (até 5% de teor alcoólico), 150 ml de vinho (12% de teor alcoólico) ou 45 ml de destilados (vodca, uísque, cachaça, gin, tequila, com até 40% de teor alcoólico) [4].

De qualquer forma, se alguns parâmetros estiverem alterados, como glicemia, pressão arterial ou triglicérides, é realmente importante evitar o consumo de álcool, mesmo que moderado. Alguns grupos específicos, como aqueles com neuropatia ou retinopatia diabética, por exemplo, também podem ter piora em seus sintomas [2] [8].

Recomendações

Em resumo, com equilíbrio, moderação e gestão adequada dos níveis glicêmicos, o consumo de álcool é possível para a maior parte das pessoas com diabetes [9]. Para isso, seguem alguns pontos de atenção [2] [3] [4] [9]:

  • Converse com o seu médico e pergunte se é recomendado e qual a quantidade máxima;

  • Antes de começar a beber e depois, antes de dormir, confira os níveis de açúcar no sangue para evitar riscos de hipoglicemia pelos efeitos prolongados do álcool;

  • Entenda e avalie os tipos de bebidas e suas características de açúcar e calorias;

  • Beba com moderação;

  • Nunca consuma com o estômago vazio;

 

Referências:
  1. Organização Pan-Americana de Saúde. Álcool. Acesso em 1 de maio de 2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/alcool
  2. Johns Hopkins Medicine. Mixing alcohol with your diabetes. Acesso em 1 de maio de 2022. Disponível em: https://www.hopkinsmedicine.org/gim/faculty-resources/core_resources/Patient%20Handouts/Handouts_May_2012/Mixing%20Alcohol%20with%20your%20Diabetes.pdf
  3. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diabetes e álcool: cuidado com essa mistura perigosa. Acesso em 1 de maio de 2022. Disponível em: https://diabetes.org.br/diabetes-e-alcool-cuidado-com-essa-mistura-perigosa
  4. Centro de Informações sobre Saúde e Álcool. Álcool e diabetes. Acesso em 1 de maio de 2022. Disponível em: https://cisa.org.br/sua-saude/informativos/artigo/item/322-alcool-e-diabetes
  5. Diabetes 365. Porque o consumo de álcool provoca hipoglicemia. Acesso em 1 de maio de 2022. Disponível em: https://www.diabetes365.pt/cuidar/porque-o-consumo-de-alcool-provoca-hipoglicemia
  6. American Diabetes Association. Alcohol and diabetes. Acesso em 1 de maio de 2022. Disponível em: https://www.diabetes.org/healthy-living/medication-treatments/alcohol-diabetes
  7. Sociedade Brasileira de Diabetes. Bebida alcoólica e diabetes. Acesso em 1 de maio de 2022. Disponível em: https://diabetes.org.br/bebida-alcoolica-e-diabetes
  8. Clube do Diabetes. Entenda sobre o consumo de álcool para quem tem diabetes. Acesso em 1 de maio de 2022. Disponível em: https://clubedodiabetes.com/2018/11/entenda-sobre-o-consumo-de-alcool-para-quem-tem-diabetes/
  9. Diabetes.co.uk. Diabetes and alcohol. Acesso em 1 de maio de 2022. Disponível em: https://www.diabetes.co.uk/diabetes-and-alcohol.html

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