As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo [1] e o diabetes é um dos fatores de risco.[2] Quem tem diabetes tipo 2, por exemplo, corre um risco médio duas a quatro vezes maior de desenvolver doença coronariana. A condição também é fator de risco para acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, doença arterial obstrutiva periférica e doença microvascular.[3]
Como essa relação entre diabetes e doenças cardiovasculares foi descoberta? O primeiro grande levantamento que trouxe evidências sobre essa ligação foi o Estudo de Framingham, cujo principal objetivo era entender quais os principais motivos que provocavam problemas cardiovasculares. A pesquisa levou em consideração diferentes gerações para determinar os fatores de risco — que, além do diabetes, incluem hipertensão arterial, tabagismo, colesterol alto e histórico familiar.[4]
O Estudo de Framingham
No início do século XX, as doenças cardiovasculares cresciam acentuadamente nos Estados Unidos, o que motivou pesquisadores a tentar identificar as causas dessas doenças.[5] Após a Segunda Guerra Mundial, em 1948, o Instituto Nacional do Coração (National Heart Institute, hoje conhecido como National Heart, Lung, and Blood Institute) iniciou o estudo em Framingham, cidade americana de 28 mil habitantes, localizada em Massachusetts. Foram selecionadas 5.209 pessoas de classe média, entre 28 e 62 anos de idade, cujas condições de saúde foram acompanhadas por 20 anos.[6]
A metodologia utilizada consistiu em exame físico e histórico cardiovascular detalhados, entrevistas sobre hábitos de vida, exames laboratoriais, mensurações de pressão arterial, capacidade vital e outras variáveis fisiológicas. A cada dois anos esses dados eram novamente coletados, registrando eventos cardiovasculares e eventuais mortes. A ideia era coletar os dados de forma padronizada para identificar os parâmetros de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. [5]
A pesquisa logo identificou o aumento da pressão arterial, o crescimento dos níveis de colesterol total, tabagismo, obesidade, diabetes e sedentarismo como os principais fatores de risco cardiovasculares. Posteriormente, outros fatores foram descobertos, como aumento de triglicérides, redução dos níveis de colesterol, idade, sexo e fatores psicossociais. Em 1998, 50 anos depois do início do estudo, pouco mais de mil pessoas que foram recrutadas para fazer parte do experimento original ainda estavam vivas. [7]
Além de ter sido responsável por essas importantes descobertas, o Estudo de Framingham deu origem também ao chamado Escore de Framingham, um indicador capaz de apontar os riscos de eventos cardiovasculares, fatais e não-fatais. Com base nos dados do estudo, é possível identificar o risco de desenvolvimento de doença coronariana na próxima década de vida, considerando sexo, faixa etária e dados como pressão arterial sistólica, colesterol total, fração HDL do colesterol, diagnóstico de diabetes e tabagismo.[8]
Como o diabetes influencia o coração
A incidência de complicações cardiovasculares é mais comum em pessoas que têm diabetes por conta do aumento dos níveis de glicose no sangue, que, juntamente ao colesterol e à pressão arterial, podem levar à formação de placas que obstruem as artérias.
Quando uma artéria do coração sofre uma obstrução, o órgão entra em sofrimento por falta de oxigênio e o tecido sadio morre, sendo substituído por cicatrizes. Dependendo do tamanho da área afetada, o episódio, conhecido como infarto do miocárdio, pode ser fatal ou deixar sequelas irreversíveis, como a insuficiência cardíaca.
Vale ressaltar que em pessoas com diabetes os sintomas do infarto podem ser diferentes da clássica dor no peito que pode irradiar para os braços: falta de ar, sensação de mal estar generalizado, sudorese, náuseas, vômitos e desmaio inexplicado, além de uma alteração abrupta do índice da glicose, podem ser alguns dos sintomas.[9]
Cuidados com a saúde
Os cuidados a serem tomados para a redução de riscos de doenças cardiovasculares em pessoas com diabetes variam de acordo com a condição de saúde de cada um. Em geram, tais cuidados incluem alimentação saudável, prática de exercícios físicos de forma regular, gerenciamento dos níveis glicêmicos e uso de medicamentos, quando prescritos pelo médico.
Para quem não tem diabetes, alguns hábitos contribuem para reduzir as chances de desenvolver a condição: comer diariamente verduras, legumes e frutas, reduzir o consumo de açúcar e gorduras, parar de fumar, praticar exercícios físicos regularmente e manter o peso sob controle. [10]
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Acompanhamento com seu médico de confiança e realização de exames regulares podem ajudar você a controlar o diabetes, além de colaborar para reduzir as chances de doenças cardíacas ou de derrame (AVC).
Em menos de um minuto você pode descobrir seus fatores de risco para o coração.
Conheça os principais sintomas que podem estar associados a doenças cardiovasculares.