O diagnóstico de diabetes é, sem dúvida, um marco fundamental para a pessoa iniciar uma série de ações que ajudarão no gerenciamento de sua condição, como adotar hábitos mais saudáveis e iniciar o acompanhamento médico. Contudo, é preciso ter em mente que, por ser crônico e progressivo, o diabetes pode causar outras condições de saúde associadas a esse primeiro diagnóstico, principalmente quando não controlado adequadamente. [1]
Um estudo da Universidade de Cambridge apontou que pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), forma mais comum da condição, têm maior risco de ter 57 outros problemas de saúde. [2] Além disso, as chances de desenvolver condições secundárias aumentam com o tempo de doença e com a idade. [3]
Dentre as comorbidades, as mais comuns estão as relacionadas ao coração. De acordo com a International Diabetes Federation (IDF), até 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 morrem por causas relacionadas a problemas cardíacos [4], como insuficiência cardíaca ou infarto do miocárdio, e aproximadamente 30% vivem com algum problema no coração [3]. Há estudos que também relacionam hipertensão, fibrilação atrial, doença vascular periférica, ataque isquêmico transitório e acidente vascular cerebral. [5]
Isso acontece porque os altos níveis de açúcar no sangue podem afetar os vasos sanguíneos e prejudicar o fluxo normal de sangue no coração. Com o tempo, essa inflamação pode levar à formação de placas e ao aumento do colesterol, fazendo com que o coração tenha que trabalhar com mais intensidade para fazer o seu trabalho. [6]
Se a pessoa que convive com diabetes ainda mantém condições como tabagismo, alcoolismo e sedentarismo, o risco se torna ainda mais elevado. Daí a importância de adotar comportamentos saudáveis: há evidências que mostram que, mesmo leves mudanças no estilo de vida,também contribuem positivamente para a redução do risco cardiovascular. [7]
Além do coração, comorbidades de outros tipos podem surgir. Confira algumas das mais comuns:
Problemas renais
O papel principal dos rins no organismo é filtrar o sangue, eliminando substâncias nocivas ou desnecessárias. Os altos níveis de açúcar no sangue, principalmente em quem tem diabetes tipo 2, podem prejudicar o fluxo sanguíneo nos rins, impossibilitando a correta função dos órgãos. Essa condição, porém, nem sempre apresenta sintomas, podendo levar à falência renal. [3]
Esse processo silencioso também pode levar os indivíduos com diabetes a sofrer com a doença renal crônica, condição progressiva de perda de função dos rins ao longo do tempo.[8]
Maior risco de câncer
Uma pesquisa feita com mais de 3 milhões de pessoas acima dos 30 anos mostrou que os indivíduos com diabetes tipo 2 apresentaram 9% a mais de chance de ter câncer. [2]
Quem tem a condição é mais propenso a desenvolver alguns tipos de câncer, como o de fígado, pâncreas, bexiga, mama e colorretal. Os riscos estão associados à resistência à insulina, inflamações e crescimento de células por conta do diabetes. [3]
Mesmo aquelas pessoas consideradas pré-diabéticas, que apresentam níveis elevados de açúcar no sangue, já correm mais risco de desenvolver câncer de mama, estômago, fígado e endométrio do que pessoas sem essa condição de saúde. [9]
Doenças neurológicas
O diabetes também pode afetar o cérebro. Acredita-se que a condição represente de 6% a 8% dos casos de demência em idosos, principalmente por prejudicar a estrutura e função do cérebro, afetando a cognição.[10]
O controle inadequado da glicose, nível elevado de triglicérides, excesso de peso, tabagismo, pressão alta e o tempo que a pessoa convive com o diabetes também podem favorecer o aparecimento das chamadas neuropatias diabéticas. O diabetes pode afetar os nervos periféricos, causando dores e até diminuição motora de membros como mãos e pés. [11]
Retinopatia diabética
Essa é uma das complicações mais comuns e pode acontecer tanto em casos de diabetes 1, como em casos de diabetes 2, especialmente em pacientes com longo tempo de doença e mau controle glicêmico. [12]
São danos causados em pequenos vasos sanguíneos que suprem a retina, a região dos olhos que percebe a luz. Essa complicação pode causar visão embaçada e, em algumas situações, levar à cegueira. Quando a cegueira acontece, é muito difícil que a visão seja recuperada. [13]
Saúde mental
A rotina de cuidados e preocupações de pessoas que convivem com o diabetes pode ser muito estressante e afetar também a saúde mental. Quem tem diabetes, é duas ou três vezes mais propenso a ter quadros de depressão, por exemplo. Sem contar sintomas como a ansiedade, que prejudica o dia a dia. [3]
Pessoas com diabetes também tendem a acordar mais durante a noite, principalmente pela necessidade de urinar com mais frequência, quando os níveis de açúcar no sangue não estão controlados. Distúrbios do sono afetam de 42% a 76% das pessoas com diabetes, incluindo apneia do sono, síndrome das pernas inquietas e insônia, fatores que também contribuem para uma piora da saúde mental. [3]
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